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Se pararmos para observar com atenção nosso cotidiano, podemos perceber que aprendemos a todo momento e em diferentes ocasiões. Essa simples constatação empírica nos mostra que o ser humano é capaz de aprender de variadas formas. Mas então por que, no geral, os sistemas de educação formal estabelecem um jeito único e padronizado de ensino?

Analisando as práticas predominantes das instituições escolares, observamos que a transmissão do conhecimento se desenvolve apoiada em uma metodologia que prioriza o fluxo do aprendizado em uma via de mão única e de forma hierarquizada, com a preocupação de oferecer respostas prontas para perguntas previamente estabelecidas. Em contraponto, como afirma Paulo Freire no livro Pedagogia do oprimido, não há pessoas completamente desprovidas de conhecimento; ao contrário, “(...) neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais”.

A partir disso, fazemos uma provocação: existe apenas um jeito de ensinar e de aprender? Essa pergunta desafia todos aqueles que se dispõem a facilitar o processo de aprendizagem e nos obriga a questionar se de fato existem novas formas de estabelecer a relação entre educador e educando, inclusive de se questionar se esses papéis são mesmo tão definidos.

Nós, como facilitadores e educadores, entendemos que existe uma pluralidade de métodos para estimular a aprendizagem. Um ambiente educacional verdadeiramente contemporâneo deveria ser baseado na valorização das habilidades e capacidades daqueles que estejam em processo de aprendizado, se adequando às necessidades, características e ritmo de cada educando.

Mas onde entram os filmes nessa discussão? Acreditamos que as obras de ficção podem contribuir para um novo paradigma da educação. E o motivo é o seguinte: nos filmes, os personagens muitas vezes propõem reflexões tão significativas que nos estimulam a transportar essas reflexões para a nossa própria realidade. O ato de indagar, questionar e formular perguntas é o imperativo primeiro para se obter conhecimento. E se então interagirmos com os filmes de modo a colocar os personagens como indutores desses questionamentos? Podemos ter na resposta dessa questão uma ferramenta poderosa para auxiliar profissionais da educação no processo de construção do conhecimento. Essa proposta promove um ambiente educacional baseado em estimular a realização de perguntas, bem como em construir as respostas coletivamente a partir da experimentação, e não apenas em encontrar as respostas já definidas.

A emPassos acredita nisso e cria ferramentas que buscam desenvolver esse novo paradigma. Nossa metodologia de facilitação é baseada em roteiros cinematográficos, em que os personagens de ficção são facilitadores do processo formativo. Os personagens podem ser mediadores de desafios de maneira a sensibilizar os participantes de várias formas, pelo afeto, nostalgia, identificação ou empatia, permitindo que o grupo chegue a reflexões que seriam difíceis de alcançar apenas pelo discurso do educador.

Nós percebemos e evidenciamos na prática que a utilização de filmes e séries de TV  é uma ferramenta para alcançar a democratização do aprendizado, utilizando o saber popular, aquele que está difundido entre as pessoas, para promover o conhecimento técnico.